Depois de tentar a vida em Santa Catarina, cerca de
quatro anos antes, a costureira decidiu voltar para Porto Alegre e tentar a
vida novamente. Após passar por inúmeras dificuldades e morar de favor, voltou
a trabalhar como empregada, mas decidida a conquistar uma vida melhor diante de
tantas dificuldades, acreditou que trabalhando por conta própria renderia mais.
Com uma máquina velha funcionando precariamente, decidiu dar um passo a
mais.
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| Catiane de Lima: costureira |
Catiane de Lima, moradora do Bairro Sarandi em Porto Alegre, começou trabalhar aos 14 anos em
um supermercado, mas seu sonho sempre foi seguir a profissão da avó e da mãe:
costureira. E foi justamente nesta área que adquiriu experiência suficiente
para apostar no futuro, bagagem que serviu como palco para programar sua vida.
Entretanto, como nada é de graça, sua vida foi marcada por inúmeras
dificuldades.
Quatro anos antes, Catiane resolveu tentar a vida no
Estado vizinho, apesar de seus esforços, não conseguiu atingir o que desejava.
Como vivia de favor em casa de parentes e sofreu hostilidades, resolveu voltar,
e, com uma “mão na frente e outra atrás”, teve de “se escorar” na casa da mãe
por um tempo. A costureira que começou como empregada em um atelier, aponta que
após passar por diversas dificuldades no em Santa Catarina tomou a decisão que
mudaria para sempre sua vida: voltar para casa e montar seu próprio negócio.
Mas, nem tudo sai como planejado. Foi trabalhar novamente como costureira, mas
seu sonho mesmo era se tornar empresária, dona de seu próprio negócio.
Com a máquina usada, Catiane passou a terceirizar trabalho
para a empresa onde era funcionária. Decidida colocar em prática suas idéias,
colocou a velha maquina de costura de volta ao trabalho em horário inverso ao
turno, entretanto, já gasta pelo tempo, não dura muito.
Mais tarde vislumbrou a possibilidade de triplicar a renda, foi então que, como conta, “um anjo”
apareceu e lhes deu oportunidade de adquirir uma máquina nova. Catiane se
refere ao mecânico que presta serviços de manutenção em máquinas de costura.
“Um dia ele chegou aqui e instalou uma máquina nova me dizendo para pagar
depois de produzir”. Pagou a máquina e adquiriu mais duas, foi então que
convidou a filha para se juntar a ela.
Daniele Bergman, a filha, hoje com 21 anos, recorda que quando voltaram
ao sul, não tinham “absolutamente nada” e foi trabalhar de caixa em um mercado
próximo de sua casa para ajudar no orçamento doméstico. Com a oportunidade de
se tornar sócia da mãe,
Daniele já faz planos para expandir a MEI (Microempreendedor Individual), pessoa
que trabalha por conta própria e que se legaliza como pequeno empresário e pode
ter um faturamento até no máximo R$ 60.000,00 por
ano e não pode ter participação em outra empresa como sócio ou titular. É
ela quem cuida da vida financeira da MEI. Destacou que tem prioridades na hora de contar os
lucros: “primeiro pagar os colaboradores, depois as despesas com luz e
manutenção”, o que sobra é repartido entre mãe e filha que cobrem as despesas
da casa e pessoal. Dani, como é chamada, aponta que tem sonhos a serem
realizados. Mas seus sonhos não são comuns. Revela que começou a trabalhar com
16 anos, entretanto, tão logo aprendeu a trabalhar na overlok, passou a
dominar outras máquinas e isso lhe trouxe mais vontade de vencer na vida.
O maior sonho da mãe e da filha é ter sua própria marca e
produzir peças próprias, por isso já estudam maneiras de se tornarem
independentes comprando matéria prima tão logo façam os ajustes para
modificarem o MEI.
Daniele aponta que seu desejo não é ficar rica, “mas de ter
o suficiente para expandir, conquistar melhor padrão de vida, propiciar para
que a mãe trabalhe menos, além de sair do aluguel e criar meios que possam
ajudar quem passa frio nas ruas ou tenha perdido roupas em enchentes.
Catiane comunga da mesma ideia e já faz planos para doar,
“ao menos um cobertor por mês”. Mas para isso precisa, primeiro expandir os
negócios. Ela considera que tem um lugar especial no coração de Deus. “Depois
de passar por tantas privações, hoje tenho café da manhã, almoço e janta. Posso
comprar o que quero sem depender de ninguém graças ao nosso trabalho”. Conta
ela orgulhosa segurando a mão da filha.
Uma rara oportunidade apareceu e ela soube o momento certo
de agarrar com firmeza. Agora com oito máquinas trabalhando, já pode colocar em
prática seus planos, por isso resolveu expandir o negócio em breve deve
triplicar o número de máquinas trabalhando, logo poderá contratar mais
funcionários e expandir a produção em menos de dois meses.
Assista o depoimento de Catiane e Daniele contado como resolveram dar um basta na falta de dinheiro:
